Processos de fusão e aquisição são ferramentas relevantes de crescimento para as empresas

Os processos de M&A, sigla que significa Fusões e Aquisições em inglês (Merger and Acquisition), são bastante comuns no setor empresarial, inclusive no Brasil. Essa atividade é uma estratégia corporativa utilizada para consolidar empresas, expandir operações, ganhar competitividade e acesso a novos mercados ou tecnologias, entre outros objetivos.


Todos os anos, os M&As movimentam os mercados de diferentes setores. No caso do Brasil, por exemplo, foram registrados US$ 28 bilhões em acordos de fusões e aquisições em 2022, segundo pesquisa da Bain & Company. Outra pesquisa, realizada pela KPMG com empresas de 43 setores, mostrou que, no mesmo período, o Brasil registrou mais de 1.700 processos de M&A.


Nos próximos anos, a tendência é que esses números continuem crescendo e o mercado se mantenha aquecido quanto às atividades de fusão e aquisição. O processo de redução da taxa de juros, pelo qual as principais economias do mundo vão passar, tende a favorecer os processos de fusão e aquisição.

 

Carlos Fadigas, CEO e fundador da CF Partners, comenta a seguir os benefícios do processo de fusão e aquisição, o que a empresa deve levar em conta antes de tomar essa decisão e qual o momento mais adequado para realizá-la.

 

Há um momento mais indicado para que uma empresa considere uma fusão ou aquisição?

Carlos Fadigas: Na CF Partners, nós acreditamos que qualquer processo de fusão e aquisição tem que ser resultado de uma estratégia bem pensada e bem desenvolvida, especialmente se for uma operação maior, mais relevante. Além disso, precisa fazer sentido para quem compra e para quem vende. Tem que ser positiva para as duas partes.


E qual o primeiro passo para que uma empresa decida fazer um M&A? 

Carlos Fadigas: O M&A muitas vezes está associado a um processo de crescimento, à compra de um concorrente ou à aquisição de um fornecedor, por exemplo. Essa ação é uma forma de acelerar o crescimento e tornar a companhia mais competitiva.


As empresas comparam o que é chamado de crescimento orgânico, que é o crescimento que ela própria faz, como a construção de novas fábricas, novos pontos de venda ou por meio da contratação de novos funcionários, versus a possibilidade de ter um atalho, acelerar esse processo, comprando uma empresa que já está pronta.


Então, o primeiro passo quando se pensa em um M&A é começar pela estratégia, verificar onde a empresa está, qual o seu objetivo e como quer alcançá-lo. A partir daí, leva-se em consideração a possibilidade da fusão ou aquisição, que precisa nascer de uma estratégia bem estruturada.


Pode citar um exemplo de M&A de sucesso no setor de produtos?

Carlos Fadigas: Um bom exemplo para falar sobre produtos é o setor cervejeiro. O consumidor brasileiro tem à sua disposição muitas marcas de cerveja, mas boa parte delas é produzida por um único grupo. A líder de mercado no Brasil é Ambev, que dispõe de variados rótulos. Ela alcançou esse posto porque houve um processo de M&A lá atrás, uma operação que uniu duas cervejarias, que seguiram crescendo e realizando novas fusões e aquisições.


Esse é um produto muito consumido pelo brasileiro, ainda mais se tratando de um país tropical, e por trás dessa estratégia da Ambev (AB Inbev) aconteceram vários M&As que resultaram na criação de uma grande cervejaria global.


E no setor de serviços, há algum M&A que tenha se destacado?

Carlos Fadigas: Para citar um exemplo de serviços, o maior banco do país é o Itaú Unibanco. O próprio nome do banco é uma pista de que, em algum momento, Itaú e Unibanco eram empresas diferentes. Ou seja, o serviço bancário que chega até a população também passa por M&As para crescer. E isso vale para os outros grandes bancos brasileiros também, são resultados de um processo de fusões e aquisições de casas bancárias que cresceram e se consolidaram para atender à sociedade.


Esses exemplos que citei mostram como os M&As fazem parte do nosso dia a dia. Nós convivemos diariamente com produtos e serviços de empresas que passaram e seguem todos os dias passando por processos de fusão e de aquisição, com o objetivo de nos atender de forma mais competitiva.


Ao levarmos em conta a agenda ESG nos negócios, cada vez mais sustentável, como os processos de M&A podem considerar a economia circular para realizar uma transação?

Carlos Fadigas: A economia circular é uma mudança, uma evolução, que sai da economia linear e exige que as empresas se reposicionem. Uma parte dessas mudanças certamente pode vir dos processos de M&A.


Para isso, as empresas precisam considerar a preocupação com o ciclo de vida do seu produto desde o primeiro momento. Considerar M&As de empresas de reciclagem, por exemplo, que é a forma pela qual ela garante que o seu produto, no final do ciclo de vida, pode ser reciclado e retornar para o mercado, é uma opção.


Desta forma, o processo de fusão e aquisição precisa ser visto como uma ferramenta que pode ajudar as empresas a reagirem a uma mudança no ambiente de negócios. É, na verdade, uma evolução do setor empresarial.