Quem acompanha o noticiário econômico e de negócios frequentemente se depara com reportagens e matérias sobre empresas em processo de fusão ou aquisição, os M&As (Mergers & Acquisitions). Da mesma maneira, as operações pelas quais uma empresa adquire outra companhia, ou funde-se a ela, são estudadas em profundidade nas escolas de administração ou mesmo em cursos de especialização para gestores e lideranças.
Para se ter uma ideia de como as fusões e aquisições são uma constante no mundo dos negócios, um estudo da KPMG identificou 372 operações de M&A no Brasil no primeiro trimestre de 2023. Esse volume de operações, embora 30% menor do que no primeiro trimestre de 2022, já apresenta uma recuperação em relação aos dois trimestres imediatamente anteriores.
Uma operação de M&A é resultado de um longo trabalho, que começa com a definição da estratégia de cada empresa e que não termina com a assinatura do contrato de aquisição ou de fusão.
Para explicar o que deve embasar uma operação de M&A e qual o sentido de uma fusão ou aquisição para as empresas, fizemos algumas perguntas ao executivo Carlos Fadigas. CEO e fundador da CF Partners, ele já participou de mais de 20 negócios deste tipo em 30 anos de carreira e esclarece algumas questões sobre o tema.
Quando as empresas normalmente consideram a realização de um M&A?
Carlos Fadigas – As empresas avaliam uma operação de fusão e aquisição com base em diversos objetivos. Às vezes elas estão buscando ganhar escala e, com isso, serem mais competitivas. Pode haver casos em que estejam buscando acesso a outros mercados, por exemplo, em um processo de internacionalização, comprando concorrentes menores em outros países e regiões.
É muito comum também empresas comprarem outras para terem acesso a uma nova tecnologia ou mesmo para trazer uma determinada equipe e incorporar um conhecimento específico. Por esse conjunto de objetivos variados, o M&A é sempre um momento relevante na história da empresa, que envolve um gasto de recursos materiais e de energia para concluir a operação e para a integração da companhia adquirida.
Como deve ser feito um processo de M&A para que seja bem-sucedido?
Carlos Fadigas – Primeiro é preciso ter claro que, para um processo de M&A bem-sucedido, o objetivo deve ser uma empresa resultante, pós-transação, melhor. Toda operação de fusão ou aquisição deve gerar uma companhia de maior valor que o produto inicial. Esse ponto pode parecer óbvio, mas é muito comum que operações de M&A sejam feitas com um mero objetivo de crescer a qualquer custo, de atingir uma meta genérica de faturamento e porte sem pensar mais a fundo na criação de valor.
O M&A bem-sucedido precisa também criar sinergia e valor para todo o ecossistema das companhias. Mais rentabilidade significa melhor capacidade de investir em tecnologias e melhorias nos produtos e serviços, em claro benefícios aos clientes. Os fornecedores ganham um cliente mais robusto, que investe mais. O governo e a sociedade de maneira geral ganham com uma empresa saudável e em crescimento.
Como a CF Partners orienta seus clientes em processos de M&A?
Carlos Fadigas – Aqui na CF Partners, colocamos a seguinte questão para nossos clientes: como essa operação vai criar algo que valha mais que a estrutura original? A partir dessa indagação, há um extenso trabalho sobre essa proposta de criação de valor. Isso não só ajuda o cliente a formular sua proposta de aquisição ou fusão, tendo claros os seus limites, mas ajuda também no processo de integração do ativo adquirido à sua estrutura, para que realmente gere valor. Ou seja, ajudamos o cliente a pensar sua estratégia com esse M&A.
Esse é um diferencial da CF Partners?
Carlos Fadigas – Eu gosto de pensar o processo de M&A como um filme. Há outras consultorias que olham a operação de fusão ou aquisição como um fim em si mesmo, uma transação, uma fotografia. Aqui nós olhamos o antes, o durante e o depois. Porque a criação de valor que foi pensada antes do M&A acontece, de fato, depois da transação. Se a empresa adquirente não identificou corretamente a fonte de ganho, a fonte de sinergia da transação, ela corre o risco de não preservar esse benefício no pós-aquisição caso, por exemplo, não mantenha as pessoas, o conhecimento ou mesmo o business model que gerariam a o ganho planejado.
Os processos que são bem-sucedidos são aqueles pensados como um todo. Tem o antes, quando é definida a estratégia, há a transação e há o depois, quando uma boa gestão da integração e do ativo adquirido é fundamental. O cuidado com essas três fases é importante. Por isso, os três eixos de negócio da CF Partners com seus clientes são exatamente a estratégia, que precede o M&A; a própria operação e, por fim, a gestão.