A economia circular é um conceito que associa o desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais, utilizando novos modelos de negócios e otimizando os processos de fabricação, de forma a priorizar insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.
A economia circular, conforme definição da Fundação Ellen MacArthur, é baseada em três princípios: eliminar resíduos e poluição, circular produtos e materiais e regenerar a natureza. Para alcançar esse resultado, uma das iniciativas empresariais de maior relevância é o redesenho de produtos e processos produtivos.
Desta forma, as companhias, de maneira ambientalmente consciente, repensam seus produtos para que sejam mais duráveis e consumam menos recursos. Empresas sustentáveis também passam a rever o processo produtivo, para reduzir o uso de insumos ou mesmo reaproveitar resíduos que seriam descartados.
Para explicar o impacto positivo dessas iniciativas para a economia circular e trazer alguns exemplos do redesenho de processos industriais e de produtos, conversamos com o executivo Carlos Fadigas, CEO e fundador da CF Partners.
Quais empresas podem rever seus processos e produtos para se adequarem à Economia Circular?
Carlos Fadigas – Todas as empresas podem, e devem, revisitar seus processos e produtos para se adequarem à economia circular. Atualmente, muitas organizações que vendem produtos para o consumidor final, em especial bens de consumo, vêm redesenhando seus produtos e processos de produção de forma a atender a expectativa do cliente e da sociedade em relação à sustentabilidade da mercadoria adquirida.
Quais exemplos dessa prática o mercado já utiliza atualmente ou pode vir a utilizar?
Carlos Fadigas – A produção de tecido é um exemplo. O setor têxtil muitas vezes consome uma quantidade significativa de água e tinta. Por isso, muitas dessas empresas passaram a implementar um sistema de recuperação e reuso de água. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil lançou recentemente uma cartilha com 17 recomendações para uma moda sustentável,
Para citar outros exemplos, uma empresa pode rever a forma como o seu produto é transportado, ou alterar a fonte de energia de uma fábrica para a matriz eólica ou até mesmo adotar um processo de embalagens mais simples, reduzindo as camadas e os produtos utilizados para sua produção. O mais importante é que existe uma gama muito grande do que pode ser feito e do que já vem sendo trabalhado pelas empresas.
Um caminho para o sucesso dessa prática é o alinhamento entre os integrantes da cadeia produtiva?
Carlos Fadigas – Com certeza. Hoje em dia existem vários elos da cadeia produtiva que já estão atuando juntos para melhorar o processo produtivo.
Isso passa principalmente por uma indústria que coopera com seus fornecedores e clientes em questões como a utilização de insumos sustentáveis, por exemplo na energia fornecida, a embalagem utilizada ou até mesmo a mudança de design desse produto para facilitar seu transporte.
Quais setores da indústria têm se destacado em relação à Economia Circular?
Carlos Fadigas – Existem alguns setores que estão mais avançados em reciclagem e reuso. Isso está relacionado a incentivos econômicos envolvidos.
Quando se trata de materiais como madeira, papel, plástico, vidro e metal, é notório que a taxa reciclagem desses produtos difere muito. O alumínio, por exemplo, é um produto caro para ser produzido, porém mais fácil de ser reutilizado. Todo o setor de alumínio tem índices muito altos de reciclagem.
Atualmente, setores como o de papel e plástico também vêm avançando. No caso do plástico, há inclusive duas maneiras de reciclagem: o processo mecânico e o processo químico.
Outra forma de reciclagem disponível é a recuperação energética, em que os materiais que não podem ser reutilizados são queimados para produzir energia. Ou seja, a depender do produto, é possível ter mais de um caminho para a reciclagem.