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A agenda ESG, sigla que representa os temas referentes às questões Ambientais, Sociais e de Governança, tem ganhado cada vez mais espaço na estratégia das empresas. O que antes era tratado de forma secundária, agora passa a fazer parte de todo o planejamento das companhias e conta até com profissionais especializados para administrar o tema.
O envolvimento ativo das empresas na agenda ESG não apenas contribui para um planeta mais sustentável, mas também pode resultar em benefícios tangíveis para as próprias corporações, como atração de talentos e aumento da confiança dos clientes. E intangíveis, como construção de reputação positiva e gerenciamento de riscos.
Além disso, a população passou a cobrar uma atuação socioambiental responsável e prefere consumir produtos das companhias mais engajadas.
Carlos Fadigas, CEO e fundador da CF Partners, explica neste espaço como a conscientização sobre a agenda ESG cresceu nos últimos anos e como isso alterou a forma de atuação das companhias.
A agenda ESG pode ser considerada hoje uma obrigação para as empresas?
Carlos Fadigas: Nenhuma empresa ou empresário deve considerar a agenda ESG como uma obrigação, mas sim um caminho, um norte para uma trajetória mais sustentável. Isso vale para as empresas de todos os tamanhos e níveis de maturidade, desde as que não possuem nenhuma prática ESG até aquelas que já têm essa agenda consolidada.
Atualmente podemos considerar que a maior parte das empresas tem consciência sobre a importância da agenda ESG?
Carlos Fadigas: Na medida em que a importância dessa agenda ficou clara para a sociedade e para os governos, a maior parte das empresas passou a levá-la em conta.
Quando a sociedade começa a aumentar a sua demanda por soluções diferentes, o governo passa a atuar com mais foco por meio de novas legislações, e as empresas entendem a necessidade de se adaptar a essa nova realidade. As corporações mais inteligentes são aquelas que, entendendo a importância desse movimento, se anteciparam e fizeram parte desse processo de mudança, não ficando a reboque.
Houve um momento específico em que essa conscientização por parte de todos passou a ficar mais clara?
Carlos Fadigas: Não houve um momento específico, mas sim um processo que veio como consequência da percepção dos impactos ambientais, não só da produção, usando recursos naturais, como também do pós-consumo, na mera disposição final na forma de resíduo do que era consumido.
Há imagens do final da década passada, que ainda são realidade hoje em muitos países, que mostram montanhas de pneus usados e lixões, além do desmatamento para uso de madeira e da terra e o uso excessivo de recursos hídricos.
Esse conjunto de ações e consequências, em especial para o meio ambiente, acendeu o alerta de que esse processo estava desequilibrado em relação à forma como as coisas eram produzidas e consumidas e isso precisava ser revisto.
As ações ESG podem ser consideradas diferenciais competitivos das empresas?
Carlos Fadigas: Com certeza. Se uma empresa consegue produzir de forma ambientalmente mais eficiente, ela pode colocar pressão para que seus concorrentes façam o mesmo. Isso contribui para que haja uma competição sustentável.
A companhia que possui uma estratégia que prioriza e investe na agenda ESG certamente será reconhecida, seja pelo consumidor final ou pelo mercado de capitais. Por isso, não basta se mobilizar pelos problemas de hoje, é necessário pensar nas soluções de futuro e trabalhar para chegar nelas.