Todo empresário deveria se capacitar e entender mais a respeito do termo ESG, sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance. Consiste num conjunto de boas práticas vinculadas à sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa.
O conceito de ESG é relativamente recente. Surgiu há pouco menos de 20 anos, mais precisamente em 2004, quando foi usado em um relatório do Pacto Global da Organização das Nações Unidas.
Desde então, a chamada agenda ESG vem conquistando espaço crescente no ambiente empresarial, a ponto de ser hoje em dia um dos temas mais importantes para as empresas. Isso porque são exatamente essas práticas que vão definir, no longo prazo, se um negócio é sustentável ou não. Ou seja, se vai sobreviver ou não.
A Pesquisa 2023 Panorama ESG no Brasil, conduzida pela Amcham e Humanizadas, indica que a agenda ESG é coletiva, mas precisa ser liderada pelos CEOs das empresas. Para 48% dos respondentes o maior desafio é conscientizar e capacitar equipes e lideranças sobre a importância das práticas ESG.
Muitos empresários enxergam apenas necessidades e obrigações, como se fosse uma política de compensação pelo impacto ambiental e social de seus negócios. Mas, costumo recomendar um olhar sobre as oportunidades de negócios oferecidas pelo conceito. ESG é uma estratégia de longo prazo.
Um exemplo simples é o princípio da economia de recursos, como a água, energia ou outros. Uma ação nessa direção pode se traduzir numa economia de custos para o negócio. Ao se repensar o processo produtivo para atender este princípio, o empresário estará simultaneamente obtendo um ganho econômico e atingindo metas com um desempenho mais sustentável.
Indo mais além, é recomendável também olhar para o negócio e desenvolver soluções e produtos sustentáveis, que terão um mercado cada vez maior por estarem alinhados com os desejos da sociedade. Existe uma série de empresas que têm se reposicionado trazendo componentes cada vez mais sustentáveis.
O biocombustível é um bom exemplo. De acordo com o relatório Renewables 2022, a produção global de biocombustíveis deve crescer 22% até 2027. Há também o plástico biodegradável e compostável, chamado bioplástico, que pode ser considerado como uma oportunidade de negócio por estar oferecendo uma solução mais sustentável.
A indústria têxtil, uma das maiores poluidoras do planeta, tem avançado em iniciativas de cultivo sustentável e de uso de produtos mais amigáveis ao meio ambiente. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil acabou de divulgar uma cartilha com recomendações para a moda sustentável, direcionada a pequenas empresas.
Setores da indústria e empresas que largaram na frente e se posicionaram como provedoras de produtos sustentáveis alcançaram, com este pioneirismo, uma participação maior de mercado e elevaram o ticket médio de venda de seus produtos.
É, portanto, muito importante desenvolver um conhecimento do negócio através da lente ESG. Temos observado que dentro de uma empresa, em suas equipes, sempre há profissionais com mais conhecimento do assunto e que podem se aprofundar para contribuir na avaliação e revisão do modelo de negócio.
Há também várias oportunidades que vêm do ambiente externo. A sociedade tem demandado produtos mais sustentáveis, organizações não governamentais têm trazido propostas, oportunidades e demandas por produtos mais sustentáveis. Além disso, existe uma evolução gradual na legislação em várias frentes, tornando mandatório o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis.
Desta forma, as empresas podem internalizar práticas de ESG que vêm de todas as dimensões, dos funcionários até consultorias, das ONGs, dos consumidores e as determinações da legislação. Este é o tipo de trabalho que a CF Partners faz também. É uma questão de combinar o conhecimento que o empresário tem da sua empresa, do seu processo produtivo, da sua prestação de serviço com as alternativas que já estão disponíveis no mercado.
As portas vão começar a se fechar e haverá cada vez menos espaço para os negócios que não praticam o ESG, por vários motivos. Vale mencionar pelo menos dois.
Primeiro, o consumidor final cada vez mais demanda uma solução favorável à conservação ambiental e com respeito aos direitos sociais. Esse consumidor entende o processo produtivo de quem está lhe atendendo e está atento para sustentabilidade da cadeia produtiva dessa empresa.
Outro agente de restrição são os investidores. Boa parte do capital disponível para investimento vem de países desenvolvidos, instituições financeiras, fundos, poupadores, um público cada vez mais conectado com a agenda ESG. Desta forma, o mercado de capitais tem sido uma força poderosa impulsionando a evolução dos negócios.
Estudo de 2023 da Deloitte e IBRE sobre a evolução da agenda ESG e os impactos destas transformações na relação com investidores aponta que 78% das empresas discutem questões de responsabilidade ambiental nas reuniões de conselho. O estudo mostra também que o nível de envolvimento da área de Relações com Investidores com temas ESG aumentou 88% nos últimos seis meses.
Há casos concretos de empresas que buscaram a oportunidade de captar recursos e encontraram portas fechadas porque não tinham uma agenda de ESG. Seja o cliente, que é uma força poderosa, seja o provedor de capitais, seja a legislação, o fato é que não haverá espaços para negócios que não souberem evoluir ao longo do tempo promovendo o desenvolvimento econômico com conservação ambiental, ética e responsabilidade social.
Saiba mais sobre o assunto nesse vídeo.
Por Carlos Fadigas - 18/07/2023